Quando saio de mansinho
Procuro um lugar
Mas bem devagarinho
Para assim poder suspirar
Quando saio, não me encontro.
Escrevo para mim
Para o meu eu que está perto do fim
Quando saio deslumbrante só me apetece folgar
Ao vislumbrar o teu sorriso
Só me quero em ti afogar
Quando saio não me encontro
Só te quero para mim
Já estou farto de sucumbir
Não posso terminar assim
Quero dilatar a noite toda
Com vinho e com espumante
E deslumbrar o teu sorriso
Que não escapa ao semblante
Perdi-me o dia inteiro
Acordei sem travesseiro
Não tinha onde me apoiar
Nem o café chegou para me endireitar
É a saga de quem sai
E não sabe para onde vai
Mais valia precaver e ficar a remoer
Quando saio de mansinho
Procuro um lugar
Mas bem devagarinho
Para assim poder suspirar
Quando saio, não me encontro.
Escrevo para mim.
Para o meu eu que está perto do fim