Sou dúbio, completamente múmio
Vivo num absurdo que se foda o lúcido
Bruto e mórbido
Quero é subir cada vez mais fundo
Que se foda o mundo, que se foda tudo!
Viva a merda de vida congelada, heroína na narina
Overdose cá em cima, não há cura neste prisma
Colado e agarrado à rotina, rebolo em direcção à morte
Desvario na ravina
Avario por dentro, um desvio do centro
Choco mesmo de frente com a vergonha da mente
Esqueço aquilo que sinto, minto, grito, frito
Dito por não dito, lixo, esguicho de tinto no olho do frincho
O chão que piso não é liso, é manhoso e movediço
Estranho caminho que sigo de frente para o abismo
Vou na frente desfocado, no topo nublabo
Mijo um arco-iris cá de cima, puto malcriado!
Sempre colado, sempre desvirtuado
Daquilo que importa pois trancou a porta (Estou mesmo chapado!)
Lado a lado com o perigo sinto-me mais vivo
Sinto-me guloso, sinto-me mais rico
Sou dúbio, completamente múmio
Vivo num absurdo que se foda o lúcido
Bruto e mórbido
Quero é subir cada vez mais fundo
Que se foda o mundo, que se foda tudo
Não tenho amor próprio, sou rato de esgoto
Não nades comigo, afogas-te logo
Tenho asas de betão, p'ra voar bem fundo
Eu mostro-te o nada, o vazio que curto
Dentro de mim, dentro de um sonho arrasado
Pela realidade que vivo, caguei não rimo
Digo o que sinto, porque o que quero é tinto
Do mais sujo que apague pensamentos lixo
A minha visão turva
Não virei na curva
Vou sempre em frente, alguém que me apanhe
O céu está muito estranho, rosa e castanho
Quem é que comprou estas tilhas, mano?
Boas comó catano, furam o tecto do crânio
Saio de mim para fora, Ângela Propano
Propago-me profano
Sou lixo da semana
Todos atiram-me fora
Mas ninguém me apanha
Sou dúbio, completamente múmio
Vivo num absurdo que se foda o lúcido
Bruto e mórbido
Quero é subir cada vez mais fundo
Que se foda o mundo, que se foda tudo