Antigamente o pobre vivia feliz
E com essa crise no país
Eu já estou virado em trapo
Creio que seja pior o dia de amanhã
Já enjoei de comer rã
Tô louco pra comer sapo
Minha vizinha que era uma boa pessoa
"Fumo" nós dois pra lagoa
Com a água a meia costela
"Aproveitemo" a saída do vizinho
Ela agarrou o bichinho
E "atrafuncou" na panela
Me convidou pra jantar
Só pra provar o sapo dela
Na casa dela eu cheguei "devagarinho"
Eu espetei o bichinho
E fiz um jantar delicioso
Fofo e gordinho
Parece até que eu tô vendo
Que eu amanheci comendo
Aquele sapo gostoso
Eu comi tanto que fiquei de perna "mól"
E já no sair do sol
Eu tava quase repunado
E a minha vizinha
E dessas que não têm retovo
Me disse: espera de novo
E coma bem do teu agrado
Que o meu marido não tá
Vamo lograr esse malvado
Falei pra ela com toda a delicadeza
Eu me criei na pobreza
E como a carne que vier
Apavorado e quase que me comovo
Me deu o sapo de novo
Pra mim comer no café
E o meu vizinho é índio xucro e retovado
Xirú brabo e desconfiado
Pior do que uma caipora
E a minha vizinha me disse
Não faça conta
Pegou o meu saco de compra
E botou do lado de fora
Botou o sapo no meu saco
E eu tive que levar embora