Um poeta desfolha a bandeira
E a manhã tropical se inicia
Resplandente, cadente, fagueira
Num calor girassol com alegria
Na geléia geral brasileira
Que o "Jornal do Brasil"anuncia
Ê bumba iê-iê-iê
Ano que vem, mês que foi
Ê bumba iê-iê-iê
É a mesma dança, meu boi
A alegria é a prova dos nove
E a tristeza é teu porto seguro
Minha terra é onde o sol é mais limpo
E mangueira é onde o samba é mais puro
Tumbadora na selva-selvagem
Pindorama, país do futuro
Ê bumba iê-iê-iê boi...
É a mesma dança na sala
No Canecão, na TV E quem não dança não fala
Assiste a tudo e se cala
Não vi no meio da sala
As relíquias do Brasil: Doce mulata malvada
Um LP de Sinatra Maracujá, mês de abril
Santo barroco baiano
Superpoder de paisano Formiplac e céu de anil
Três destaques da Portela Carne-seca na janela
Alguém que chora por mim
Um carnaval de verdade
Hospitaleira amizade
Brutalidade jardim
Ê bumba iê-iê-iê boi...
Ano que vem, mês que foi
Ê bumba iê-iê-iê
É a mesma dança, meu boi
Plurialva, contente e brejeira
Miss linda Brasil diz "bom dia"
E outra moça também Carolina
Da janela examina a folia
Salve o lindo pendão dos seus olhos
E a saúde que o olhar irradia
Ê bumba iê-iê-iê boi...
Um poeta desfolha a bandeira
E eu me sinto melhor colorido
Pego um jato, viajo, arrebento
Com o roteiro do sexto sentido
Voz do morro, pilão de concreto
Tropicália, bananas ao vento
Ê bumba iê-iê-iê boi...