No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade...
No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno conta as "mágua"
Tendo os olhos rasos d'água
Pobre moreno
Que de noite no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo o cigarro por companheiro
Sem um aceno
Ele pega a viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal desse moreno
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite nem de dia
Os arvoredos
Já não contam mais segredos
E a última palmeira
Ja morreu na cordilheira
Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza
Enche de trevas a natureza
Tudo por que?
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Para uma casa de sapê
Se Deus soubesse
Da tristeza lá serra
Mandaria lá pra cima
Todo o amor que há na terra
Porque o moreno
Vive louco de saudade
Só por causa do veneno
Das mulheres da cidade
Ele que era
O cantor da primavera
E que fez do rancho fundo
O céu maior que tem no mundo
Se uma flor desabrocha
E o sol queima
A montanha vai gelando
E lembra o cheiro da morena