Salve o povo Xucuru
Na cumeeira da serra Ororubá o velho profeta já dizia
Uma nova era se abre com duas vibras trançadas
Seca e sangue
Seca e sangue*
Herdeiros do novo milênio
Ninguém tem mais dúvidas
O sertão via virar mar
E o mar sim
Depois de encharcar as mais estreitas veredas
Virará sertão
Antôe tinha razão rebanho da fé
A terra de todos a terra é de ninguém
Pisarão na terra dele todos os seus
E os documentos dos homens incrédulos
Não resistirão a Sua ira
Filhos do caldeirão
Herdeiros do fim do mundo
Queimai vossa história tão mal contada
Ah! Joana Imaginária
Permita que o Conselheiro
Encoste sua cabeleira
No teu colo de oratórios
Tua saia de rosários
Teu beijo de cera quente
E assim na derradeira lua branca
Quando todos os rios virarem leite
E as barrancas cuscuz de milho
E as estrelas tocadeiras de viola
Caírem uma por uma
Os soldados do rei D. Sebastião
Mostrarão o caminho
*Profecia do Pajé Cauã (extraído do livro Lampião Seu Tempo e Seu Reinado, vol. 1, Frederico Bezerra Maciel)