Pai,
Quando a idade pesar nos seus ombros
Fizer a vida lhe pender pro chão
Nós vamos juntos no seu pé-de-serra
Que é pra família passear no sertão
Pai,
Quer ir na frente, apontando a estrada?
A nos guiar sem fim nesse estirão
Contando à gente as suas presepadas
Tocando a vida ainda jovem e são
(lembra, lembrar ...)
Vai ...
Vai relembrando as coisas mais antigas
Como a espingarda pra caçar o pão
Como o caminho a pé para o roçado
Como a sanfona pra tocar baião ...
Já vamos chegar ...
Cuidado pra sair, andar, descer, subir ...
Eu estou aqui ... estou aqui
Pai,
Continuando ... as histórias não param ...
Se espalham cheias de recordação
Mexendo nos sentimentos guardados
E nas muitas saudades que elas nos dão
Ai!
Às vezes lembrar lá daquela casa
Onde a parteira cortou meu cordão
Me faz pensar nosso trajeto inteiro
Do Serrote Vermelho até então
Pai,
Não por acaso eu compus estes versos
Tendo-os encaixado nesta canção
Para te dar como um presente, amigo
Com todo o amor do meu coração
E quando chegar a hora de seguir teremos que partir
Sem temer nada, meu pai, vambora.
Calma, vamos em paz!
Pai, ... Eis-me aqui!