Linda, que a tela era linda
E eu me lembro ainda do filme que vi
Que tinha Eliana, Oscarito
Otelo, Adelaide, Cyl Farney, Dercy
Canções, Carnavais e Cassinos
Ambientes tão finos, humor infantil
E uma geração de meninos
Amou para sempre o Cinema Brasil.
Ginga de Orfeu lá no alto
No morro, no asfalto, a quarenta graus
No mar, no sertão, na verdade
Na grande cidade, na lama e no caos
Pois quando o cinema era novo
Falava do povo, falava por nós
E uma juventude guerreira
Levou a bandeira com seu porta-voz.
Linda, que Leila era linda
Todas as mulheres do mundo dirão
Foi Dina com Macunaíma
Foi Márcia em Ipanema abrindo o verão
Foi gloriosa Darlene
Querendo vingança aos santos clamar
Ou foi Adriana tão cedo
Que o dono do enredo mandou lhe chamar.
Linda, que a tela era linda
E eu me lembro ainda do filme que vi
Sacana, o malandro Carvana
Descola uma grana e sai por aí
Meu filme prossegue infinito
No eterno conflito entre os que vêm e vão
E o emblema da última cena é Fernanda serena,
Que escreve uma carta,
Que sonha que é santa
Que cata feijão
Mina, Fernanda divina, que a tela ilumina
De pura invenção.
Linda, que a tela é tão linda
E é mais linda ainda na imaginação
Linda, que a tela é tão linda
E assim será sempre na nossa paixão.