Está findando meu tempo,
A tarde encerra mais cedo,
Meu mundo ficou pequeno
E eu sou menor do que penso.
O bagual tá mais ligeiro,
O braço fraqueja as vezes
Demoro mais do que quero
Mas alço a perna sem medo.
Encilho o cavalo manso,
mas boto o laço nos tentos,
Se força falta no braço,
Na coragem me sustento.
Refrão:
(Se lembra o tempo de quebra
A vida volta prá traz
Sou bagual que não se entrega,
Assim no mais.)
Nas manhãs de primavera
Quando vou para rodeio,
Sou menino de alma leve
Voando sobre o pelego.
Cavalo do meu potreiro
Mete a cabeça no freio.
Encilho no parapeito,
Mas não ato nem maneio.
Se desencilha o pelego
Cai o banco onde me sento,
Água quente de erva buena,
para matear em silêncio.
Refrão
Neste fogo onde me aquento,
Remôo as coisas que penso,
Repasso o que tenho feito,
Para ver o que mereço.
Quando chegar meu inverno,
Que me vem branqueando o cerro,
Vai me encontrar venta-aberta
De coração estreleiro.
Mui carregado dos sonhos,
Que habitam o meu peito
E que irão morar comigo
No meu novo paradeiro.
Refrão 3x