Poesia no varal
Vi a poesia exposta num varal
Num domingo à tarde
Se segurava a todo custo
Pela força da palavra
Do seu grito feito verso-faca
Afiada
E ela me testava
Até que ponto eu deixaria me afetar
E Pendiam versos
Que me empurravam
E me atacavam
E me chamavam
Para a revolução?
Não, não, não
Não podia dizer não,
Mas ao atravessar a rua
Abaixei a cabeça, parei no sinal
Chegou segunda-feira e voltei a desejar
Que a semana fosse logo pro final
E veio terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira
Abaixei a cabeça, parei no sinal
E Pendiam versos
Ligados a mim e a você
E eu estava entregue a graça
E o sol por entre a página
Bronzeou meu rosto
Sacudiu meu corpo
Na rota única da rotina
Até que ponto eu deixaria me afetar?