OFÍCIO
(Sandrera)
Acordo cedo e me mando pelas 8
Logo após um cafezinho eu saio as 8
Nos olhos levo a esperança, na boca o gosto do café
E em meu peito, bem guardado, aquela fé
Vou seguindo pela cidade de mansinho
Vejo os pardais, mas onde voam os canarinhos?
E entre carros e motocicleta, escapamentos e chaminés
Meu pensamento voa e eu sigo a pé
Faço um contato e já me esbarra o meio-dia
No bolso uma mereca e rascunhos de poesia
Como um salgado e faço um lanche
E no copo do refrigerante
Enxergo meu lugar ao som, num novo dia
E é assim que eu atravesso os meus janeiros
Num dia desses, num jardim, te juro, que vi primeiro
Muitas mãos tocaram a rosa
Mas ela sempre reconhece as mãos do jardineiro
Por mais mãos que toquem a rosa
Ela sempre reconhece as mãos do jardineiro
Pela 5 da tarde eu sinto a falta de um café
Mas as moedas acabaram meu lembro, e agora José?
Olho prum lado e pro outro
Me vem o gosto do café
O jeito é eu voltar pra casa a pé
Na volta às vezes eu encontro um amigo
Que comenta sobre a faculdade, e briga comigo
Nessa hora me aperta o peito
Sinto até medo desse mundo cão
Mas que se dane o mundo inteiro
Meu ofício é fazer canção
É que essa é minha estrada
Minha história de futuro incerto
Mas só assim eu sou feliz atravessando esse deserto
Um cara simples que aprendeu com a vida
A doce alquimia dos sonhos
De transformar o momento em verso