Ótima
Troy Rossilho / Luiz Felipe Leprevost
Quando já não sou sua
Convulso a idéia de que estou avulsa
Quebro a louça vasculho a bolsa
No impulso de cortar os pulsos
Gótica me trancar num quarto escuro
Escondo a cara kamikaze atrás de blush
E de uma dose relaxante
Quase me dopo foi mal
Se misturei formol e frontal num copo
É que senti meu corpo sem sal
Meu signo no horóscopo do jornal
Aí acontece deu acordar
Ótima
Preciso cortar os cabelos, comprar mais um creme amarelo
Retomar a semi-ótica, uma dieta de atleta
Um protótipo, uma meta, uma nova ótica, uma outra ética
Porque hoje estou ótima
Uma vítima úmida e incompleta
A última a saber que precisa de afeto
Melhor deixar os chocolates por perto
Porque hoje estou ótima
Quem sabe ele me arranca a blusa, me abusa e nunca mais
Me acusa de eu estar bem
Ótima