DE BEM COM A VIDA
Fundo de campo na encosta de um capão,
Um rancho tosco na beirada de uma aguada,
Um cusco amigo e o carinho de uma prenda,
Pra o peão de estância ser feliz não falta nada.
De madrugada o galo canta no poleiro,
Sorve um amargo e toma café de chaleira;
Encilha o pingo, beija a prenda e o piazito
E vai pra estância enfrenta a lida campeira.
Pára rodeio, castra, tosa, aparta o gado;
Estica arame, consertando o alambrado;
Cura o tambeiro que está preso na mangueira,
O dia passa, sem sentir que está cansado.
No fim da tarde, a peonada sorridente,
Patrão contente, satisfeito com a jornada;
Chapéu tapeado, assoviando uma vaneira,
De bem com a vida, volta aos braços da amada.
Cada manhã solenemente amarra a espora,
Cheio de glória se apresenta ao capataz,
Segue a rotina heróica do peão de estância
Que sente ânsia e prazer pelo que faz.