Como pássaro imprudente
Na chaminé
Como gente inocente
Que perde a fé
Entreguei o navio à maré
Deixei-me ir na corrente
Sem sentir arrepio
Num mar de brava gente
Que combateu o frio
Unindo os corpos fez calor
Leis com os enlaces das mãos
E por cada dia melhor
Contaram um milhão
Mas hoje a nave não tem direção
Pagas lixos e caprichos
E vontades
Mais os vícios, os comícios
E as vaidades
Com o teu chão, o teu filho, o coração
E se fizeres
Uma canção atrevida
Vais garantir
Que não será ouvida
Para não incomodar
Para não cambar o sofá
Porque se o navio virar
Só vai ficar quem não vai lá
Quem o mandou afundar