Pitomba, preaca, pife e pandeiro
Esse é o encontro, é essa emoção
Rainhas e reis, reisado e rojão
Negros nagôs, navios negreiros
Ascenso, arrecife, angolas-arteiros
Maraca, mascates e maracatu
Baião, berimbau, batuque bantu
Usina, umbigada, umburana, umbuzal
Capiba, calunga, calor, carnaval
Oxossi, obá, oxum, olodu
Sou braço de mar, um rio caudaloso
No sertão sou seco, na mata estourado
Eu, nos arrecifes, um mar furado
A cova dos rios, salgado e formoso
E nesse meu céu azul luminoso
Ao sul de estrelas cruzeiro avistei
Por ele à noite no mar me guiei
Eu sou paranã, sou paranabuco
Falando pro mundo eu sou pernambuco
A ler meu brasil aqui comecei*
Se alguém me escutar tinindo a garganta
Verá que meu canto desvenda segredos
Acaba mistérios, destrói todos medos
Herdeiro da voz sou de Dona Santa
Meu canto é sangue, é pedra que encanta
Desterra o tesouro no chão mais profundo
Eu sou um cantante, eu sou viramundo
Se estou azougado, ninguém me segura
Acima de mim, só deus nas alturas
Eu sou pernambuco falando pro mundo
*estrofe inspirada em poema do livro
Romançal de pernambuco de marcos cordeiro.