Tô em casa na segunda-feira
Meio dia mais ou menos
Quando um dedo insistente
Na campainha me acorda
Enfio o pé no chinelo... Peraê!
Abro a porta
E o coração quase me vem na boca
A criatura tava toda encharcada de chuva
No seu vestido vermelho
Me pedindo um telefone pra ligar
Ela ligou pra Nova York
Fechou um negócio da China
Entre dois países que eram inimigos
Disse que a coisa tava russa
Elogiou o meu café
Pegou uma toalha no armário do banheiro
E pendurou o seu vestido no varal
E eu sentado na espreguiçadeira
Lendo um livro que estou lendo
Quando repentinamente
Ela me chama lá de dentro
Enfio o pé no chinelo... Peraê!
Abro a porta
E o coração quase me vem na boca
A criatura estava deitada na banheira de espuma
Esticando o seu pezinho
Me pedindo pra que eu fosse ensaboar
Ela jogou a sua isca
Envenenou o seu anzol
Fez daquele instante um infinito
Me ensinou o Kama-Sutra
Entre bolhas de sabão
Entrou em uma delas e flutuou pelo banheiro
E por aí você já pode imaginar
Enfio o pé no chinelo... Peraê!