Ei, senhor meu, rei do tamborim, do ganzá,
cante um cantar, forme um repente pra mim.
Aqui, Nordeste, um pais de esquecidos, humilhados, ofendidos e
sem direito ao povir.
Aqui, Nordeste, sul América do sono...
No reino do abandono,
não ha lugar pra onde ir.
De Nashville pro sertão (se engane, não)
tem, meu irmão fora- da - lei muito baião.
E, em Orlands bandos de negros afins
tocam, em banda, banjos, bandolins...
-Onde jaz meu coração?
Em mim, desse canto daqui, lugar comum,
como no assum, azul de preto,
o canto e que faz cantar.
Cresce e aparece em minha vida, e eu me renovo
no canto, o pio do povo.
Pio, e preciso piar.
Ah! Minha voz, rara taquara rachada,
vem, soul blues, do pó da estrada,
e conta o que a vida convém.
Vem direitinha, da garganta desbocada,
mastigando in-nham, in-nham, in-nham,
cheinha de nhem, nhem, nhem.