Nó na garganta, nó na barriga
Nós na memória enquanto a história é escrita
Como o fim mancha o início
Como há indícios de ti em cada mágoa sentida
Se sarasse era sinal que desisti de sentir
Pois se sinto é o sangue a escorrer
E na ânsia de ser eu não me deixo ser visto
Não há nada a fazer, tentar só me cinge
A ver quem se frusta na luta por mim
Lívido e vincada falta de luz
Alumia-me a visão daquilo que fui
Sibilo soturno em sigilo do mundo
Não há assunto que mais me envergonhe
Tísico taciturno
O que foi já não volta
Até ontem foi puro
Hoje assumo outra rota
O que eu dava por ti
O que eu dava por mais uma vez
Há uma vela ardida - foi o fim
Ai como eu te queria, como eu te quero
Mas o barco parte pra voltar e nunca volta
E eu choro um rio de longe, longe de ti
Deixa-me ir, beija-me e vira-te
Não me vejas a sina a escorrer pela vista
Não fiques a meio no próximo beijo
Aproveita o que vimos em novas paisagens
Há margens do rio que só nós sabemos
Leva-lo lá, fá-las dele sem medos
Se um dia voltar, eu beijo-te a testa
Pra sempre a sonhar essa valsa eterna
O inverno no mar, é um inferno poético
Um cético amar, nunca mais tão certo
Uma esperança sem fé
A maré que me leve
Amor é como vento
Sopra a vela até que a labareda cesse
O meu poema pede essa morena perto
O meu dilema impede, eu não confio em mim
Adeus
Esquecer-me nunca
Para sempre miúda
Há uma vela ardida - foi o fim
Ai como eu te queria, como eu te quero
Mas o barco parte pra voltar e nunca volta
E eu choro um rio de longe, longe de ti