Vestiu uma calça de enxurrada
E um chinelo velho
Uma camisa azul de gola larga
Vote 20, vote Neto
Na mão direita uma mala
De couro barata, cor café
Assoviou pra um moleque
E trocou moedas por um picolé
Perguntou pra um senhor
Qual era o prédio mais nobre da cidade
Plaza Hotel, meu filho
Onde só vai grã-fino
Alta classe, autoridade
Chegando lá o segurança
Carimbou a mão em seu peito
Nem se vender a sua alma
Vai poder pagar por um desses leitos
Ali mesmo ele ficou sob sol e chuva
Por dias e noites
Um pobre coitado
E seu orgulho encarando uma torre
A noticia se espalhou
E a cidade inteira foi pra lá
Gritavam "por deus é só hoje
Deixa o homem entrar
O gerente disse "eu deixo
Mas a conta vai pra quem?"
Então abriu a mala cor café
Com vinte mil notas de cem
Preencheu a ficha
E de cabeça erguida foi pro elevador
Apareceu no teto lá em cima
E o povão se assustou
Olha um maluco lá no alto
Vai se jogar será?
Quando começou chover
O povão a delirar
Gerente, segurança, taxista
Todo mundo foi pegar
A fortuna que o maluca lá do alto
Não parava de espalhar
A festa acabou quando ele também
Se jogou no chão
E todos foram embora
Com grana no bolso
E o coração na mão
Foram ver a ficha do cliente
Que acabara de ir pro céu
A assinatura era de um estrangeiro
Dono do hotel
Dono do hotel