Olho a chuva, a ventania
Vejo anoitecer
Chega a madrugada, quieta e fria
Meia lua, luz sombria
Sinto sem querer
O silêncio me envolver
Sem canto, sem sonho
Sem rosto, sem plano
Sem tristeza ou alegria
Só o amanhecer
E um vazio de doer
Só queria ter na vida
Onde me aquecer
Um lugar de abrigo e fantasia
Ter alguém pra companhia
Para me entender
Ter alguém por quem sofrer
Ouço ruído na estrada
Bem sei, não é nada
Ninguém pra chegar
Caminho, sem pressa
Levo em meu peito deserto
Uma esperança
Nada, sonho
Só o silêncio
Abro os olhos, vejo o dia
Tudo a florescer
Olho em volta cor e cantoria
Vejo o povo em travessia
Mas ninguém me vê
Volto, vou adormecer