Nunca mais a natureza da manhã
e a beleza no artifício da cidade
num edifício sem janela
desenhei os olhos dela
entre vestígios de bala
e a luz da televisão
Os meus olhos têm a fome
do horizonte
sua face é um espelho
sem promessa
por dezembros atravesso
oceanos e desertos
vendo a morte assim tão perto
minha vida em suas mãos
O trem se vai
na noite sem estrelas
e o dia vem
nem eu nem trem nem ela