Nas imagens do passado eu te vejo presente,
Eternamente em mim,
Leve som de águas tão calmas.
Minha vida eu recolho na concha da mão,
Prá só então devolvê-la,
Às imensas águas que brotam do teu chão.
Foram dias, foram anos e eras de amor.
Me desmanchei, me refiz, por amor.
Errei caminhos, voltei, por amor.
Fomos livres, deslizando juntos pela escuridão,
Nos livrando das correntes, das águas de aluvião.
E no leito desse rio, fui triste e fui feliz,
Me perdi das margens, navegando em sonhos que eu fiz.
E hoje as águas desaguadas num lago de paz,
Trazem a luz do luar,
E os mistérios da minha vida.
Minha vida eu derramo em gotas de luz,
Dentro de um velho moinho,
Que em seu silêncio conduz meu futuro.
Outros dias, outros anos e eras virão,
Não sei que abismos, qual escuridão,
Das minhas águas, não sei do teu chão.
Leves mágoas, vagas tréguas,
Águas paradas num cais,
Refluindo, o tempo, em ondas,
Águas que não voltam mais.
E as imagens do passado no espelho do mar,
Guardam a luz do luar,
E os mistérios da minha vida.