Sou pão-duro, vivo bem
Não dou esmola, não faço favor
Não ajudo a ninguém
Sou pão-duro, vivo bem
Quem quiser que faça assim
Como eu também
Eu moro no morro
Em um barracão
Não tenho tapete
Eu durmo no chão
A minha comida
É uma só vez
E é muito pouquinho
Eu como de mão
Não dou endereço
Meu nome completo
Não digo a vocês
Quem me visita
Não repete outra vez
Não conto anedota
Porque não convém
A alegria que eu tenho
Não dou a ninguém
Não ando de bonde
Não ando de barca
Não ando de carro
Não ando de trem
Não dou boa-noite
Não dou boa-tarde
Não dou parabéns
Enquanto isso
Vou juntando os meus vinténs.