Sou monarca do Rio Grande, tenho alma de gaiteiro
Vou acolherando janeiros com minhas rimas redomonas
Não vi chiar de cambona envolvido em cantoria
Mas vi muito clarear o dia no teclado da cordeona
Eu e a gaita, a noite e a Lua prateada
Enfrentando a madrugada junto à fumaça e a poeira
E as tinideiras, chilenas de puro aço
Vão tilintando o compasso na cadência da vaneira
Sou homem de ama inquieta, não vivo sem cantoria
Meu velho pai já dizia, tens gana de sonhador!
E por esses corredores, no mundo, eu ganhei a vida
Juntando notas perdidas que muitos não dão valor
Eu e a gaita, a noite e a Lua prateada
Enfrentando a madrugada junto à fumaça e a poeira
E as tinideiras, chilenas de puro aço
Vão tilintando o compasso na cadência da vaneira
Nunca sonhei com sucesso, sonhei em viver cantando
E, assim, fui me consagrando sem precisar fazer guerra
Quem acerta também erra, dito de muita importância
Tenho alma de criança com as mãos sujas de terra
Eu e a gaita, a noite e a Lua prateada
Enfrentando a madrugada junto à fumaça e a poeira
E as tinideiras, chilenas de puro aço
Vão tilintando o compasso na cadência da vaneira
E, assim, reponto os janeiros e passo o tempo entretido
Tenho família e amigos, me orgulho de ser gaúcho
Por não ser homem de luxo, eu mesmo forjei minha marca
Timbrada em cada cantiga do Gildinho dos Monarcas
Eu e a gaita, a noite e a Lua prateada
Enfrentando a madrugada junto à fumaça e a poeira
E as tinideiras, chilenas de puro aço
Vão tilintando o compasso na cadência da vaneira
Nunca dei bola pra luxo
Não tenho herança escondida
E, se alguém quiser saber
Acho um luxo esta minha vida