O azedo gosto do mel roubado
O corpo despido e ardente
de uma cédula de dinheiro
que sagazmente remete a Deus
O pus conivente
das feridas na alma
de uma pessoa
pura e calma.
Sentir os olhos
vermelho-raiva
vide vil comportamento
do cotidiano flagelado
Você e eu, lado a lado
Imaginar-se sem memória
e esquecer o que é certo
não saber qual é a porta
ou a correta, ou a torta.
Viver é como um mergulho
em possíveis águas rasas
É arriscado,
mas poder valer a pena
apesar dos machucados,
a compulsão é plena.
É estranho hoje ver um homem
que não tem o que comer,
com um sorriso estampado
o pensamento aguçado
as mãos estendidas
e o coração aberto
do lado vejo uma pessoa mesquinha
alma áura nula,
que as vistas desvia
do afeto e compaixão
por seus sentimentos
"POBRES"...
"Pobres sonhadores", diz
"Pobre que sonhava,
o fez porque é pobre.
Se não o fosse, realizava!!"
"Eu é que sou feliz
tenho o que preciso!
Amor,se eu quiser
eu compro."
O pó e o vazio
que o preenchem por inteiro
a falta de melodia
a sujeira do cinzeiro
A velhice em claro
o semblante frio
o medo culposo
E um funeral vazio.