Quando na natureza
Cai a noite mais calma
Ela cerra os olhos
Para que adormeça e esqueça
O que tem na alma
Abraça o infinito
Bebe um trago de sonho
Mas logo desperta
Com o semblante aflito e chora
Pois não pode ficar
Menina bonita com olhos de mar
Deixa de ter medo, senta-te e fica
Que ainda é cedo
Aprende a sentir, aprende a amar
E enquanto se amavam
Trocavam de alma
Ela murmurava
"Sabes, fugi hoje de casa
E não vou voltar"
Olhou-a nos olhos
E franziu a testa
Logo respondeu
"Pensas que a vida é uma festa?
Não queiras ser como eu!"
"Se tu sofres é com muita razão
Porque só com vinte anos e sem nenhum irmão
Nesta longa e bela vida, sabes mais do que eu
E se não sabes diz-me para onde vais
Porque os teus pais querem-te tanto bem
Amam-te muito mais do que eu..."
Já pela manhã
Dois corpos cansados
Se entregam no sono
Sonhar sentimentos, momentos
Na cama passados
Desperta mais alva
Mais fresca, mais viva
Despede num beijo
Sem nada na palma da mão
E saiu a sorrir