Quando eu voltei lá no sertão
Eu quis mangar de Januário
Com meu fole prateado
Só de baixo, cento e vinte, botão preto bem juntinho
Como nêgo empareado
Mas antes de fazer bonito de passagem por Granito
Foram logo me dizendo
"De Taboca à Rancharia, de Salgueiro a Bodocó, Januário é o maior
E foi aí que me falou meio zangado o véi Jacó
Lui respeita Januário
Lui respeita Januário
Lui, tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso
E com ele ninguém vai, Lui, Lui
Respeita os oito baixo do teu pai
Respeita os oito baixo do teu pai
Eita com seiscentos milhões, mas já se viu
Dispois que esse fi de Januário vortô do sul
Tem sido um arvoroço da peste lá pra banda do Novo Exu
Todo mundo vai ver o diabo do nego
Eu também fui, mas não gostei
O nego 'tá muito mudificado
Nem parece aquele mulequim que saiu daqui em 1930
Era malero, bochudo, cabeça-de-papagaio, zambeta, fei pá peste
Qual o quê
O nêgo agora 'tá gordo que parece um major
É uma casemira lascada
Um dinheiro danado
Enricou
'Tá rico
Pelos cálculos que eu fiz, ele deve possuir pra mais de dez contos de réis
Sanfonona grande danada 120 baixos
É muito baixo
Eu nem sei pra que tanto baixo
Porque arreparando bem ele só toca em 2
Januário não
O fole de Januário tem 8 baixos, mas ele toca em todos 8
Sabe de uma coisa?
Luiz 'tá com muito cartaz
É um cartaz da peste
Mas ele precisa respeitar os 8 baixos do pai dele
E é por isso que eu canto assim
Lui respeita Januário
Lui respeita Januário
Lui, tu pode ser famoso
Mas teu pai é mais tinhoso nem com ele ninguém vai, Lui, Lui
Respeita os oito baixo do teu pai
Respeita os oito baixo do teu pai
Respeita os oito baixo do teu pai