Por que creceste, curuminha assim depressa, e estabanada
Saíste maquilada dentro do meu vestido
Se fosse permitido eu revertia o tempo
Pra reviver a tempo de poder
Te ver as pernas bambas, curuminha, batendo com a moleira
Te emporcalhando inteira, e eu te negar meu colo
Recuperar as noites, curuminha que atravessei em claro
Ignorar teu choro e cuidar só de mim
Deixar-te arder em febre, curuminha, cinquenta graus, tossir, bater o queixo
Vestir-te com desleixo, tratar uma ama-seca
Quebrar tua boneca, curuminha, raspar os teus cabelos
E ir te exibindo pelos botequins
Tornar azeite o leite do peito que mirraste
No chão que engatinhaste, salpicar mil cacos de vidro
Pelo cordão perdido te recolher pra sempre
À escuridão do ventre, curuminha
De onde não deverias nunca ter saído