Dez mil rubis
Mil pedras turmalinas
Cem mil cometas
Um milhão de sóis
Dez mil Joãos
Mil vidas severinas
Cem mil poetas, todos eles sós
Em procissões, natais e serpentinas
Dez mil mãos postas
Mães, irmãos, avós
A esperança é profissão e sina
Cem mil poetas, todos eles sós
São cem cavalos, dez luzes na crina
São luas, muitas luas e faróis
São mil perdões, que aos bons não se incrimina
Cem mil poetas, todos eles sós
Televisões em cada casa e em cima
Parece um bicho a antena E cada voz
Parece a voz que nunca desafina
Cem mil poetas, todos eles sós
Milhões de versos, cem milhões de rimas
No mesmo mar são dez milhões anzóis
Pescando alma em dós, bordões e primas
Cem mil poetas, todos eles sós