Sinto o zumbido de um apelo a ti
Se é que existes, eu nunca te vi
Mas deixei, ora, presa na memória
Uma tua história
Se tu te aventurasses por aí
Nas desventuras que eu vivo sem ti
Tiravas, ora, da minha memória
Toda a tua história
Mas mais do que isto não posso fazer
Mais que lembrar-te e a seguir esquecer
Preso, aferrolhado, trago o desejo
E para mais não te vejo
Se és invisível e eu sei de ti
É porque existes, só nunca te vi
Mas este aperto manda-me seguir
Quase a implodir
E outra tenho que a ti não conhece
E vou para velho, um velho no fim esquece
Tivesses, ora, tu, um teu lugar
Para eu visitar
E, pois, quem tenho não me quer a mim
Não cerra os braços em torno de mim
Não diz amar, não mostra que engana
Só porque se engana
Então se um dia saíres do papel
E eu puder ir buscar-te o mel
Atiro-me a ti, não olho para trás
E não volto atrás