Na pele do lago
Estender ao céu
Dois olhos-concha
Espiral vagarosa
A curva grave, quieta como a casa
Cruzou a nuca tal como quem pinta
Na onda ensonada que vai ser e é já a sua ida
De musgo a boca, veludo calado
Névoa de arestas
Agora azuis memórias
Deixar-se atrás
Para o fundo
Voar ao contrário
Dois, um, zero
Longe vai o sol
Quem quer saber?
Um dominó tomba, tropeça e o outro cai
Ali azul memória
Mergulhar, voltar atrás
Se o regresso é (se for) só um vogar ao acaso, nem pensar
Já foram mais de mil, outra vez, perder, repetir, desmoronar
Quem sabe quantas vezes poderás recomeçar tudo outra vez?
Talvez deixar cair
Talvez deixar cair em si
Talvez algum de nós vá saber como é trazer em si um verso seu
Voltar capaz
Recomeçar