Arrumação (Revoredo/Bruno Lins)
Nos armários, nas gavetas
Discos, coisas, livros, tralhas
Fotos velhas, documentos
Souvenirs, blusas de malha
No jardim abandonado
Grama verde se espalha
E a pintura descascando
Furos no colchão de palha
Vejo a vida se arrumando
Por qualquer sonho que valha
Nos sapatos, tantas pedras
Roupas cinzas e mofadas
Tintas turvas nas paredes
Rangem as portas fechadas
Na tramela da janela
Estão as trancas folgadas
Encontrei no bolso dela
Aquela carta amassada
Quando eu tecia os versos
No torpor da madrugada
É tempo de arrumar
Toda bagunça que há
As séries que abandonei
Na segunda temporada
Os livros que nunca li
Fazem na estante morada
Os quadros que não pintei
Nessa tela desbotada
São reflexo do espelho
Na minha face cansada
Deslizando os meus dedos
Pelos fios da navalha
Chegou a hora da chuva
Que lava, levando os males
Vinda de tempos em tempos
Nascida em tantos lugares
Mas quando raiar o sol
E a luz renovar os ares
Pronto de novo estarei
Pra navegar outros mares
E enfim te abraçarei
Quando então tu me abraçares
É tempo de arrumar
Toda bagunça que há