O tejo transformou-se em vinho
Subiu 7 colinas
Inundou as esquinas
Os faróis, as azenhas, os moinhos
As ruas, as travessas os rossios
O mosto, as grainhas, os engaços
Alfeia, bairro alto, os abraços
As andorinhas elétricas nos fios
A casa da severa, a mouraria
Os olhos pretos, a saliva
Numa praça barco negro a deriva
A tristeza inebriar-se de alegria
O vinho a sair pelas torneiras
A brotar pelos bueiros
A cair dos chuveiros
A correr pelas ruas e ladeiras
Lisboa embebedou-se dos amantes
Presos em suas garrafas
Água tinta a sair pelos hidrantes
Para tantos corações de muitas safras