O meu povo tem
Flores para dar
E chuvas
Para festejar
Mulheres formosas
E ruas cheirosas
O meu povo dá
O que pode do que tem
Muito pode
Quem pouco tem
E pesca no mar
E fuma ao luar
Tanta gente linda
De pele dura
E dores no olhar
E quando o dia finda
Há gaivotas a zelar
Gaivotas
Pelas docas do seu mar
O meu povo tem
Dos Abris que viveu
O ferro
Que bateu
O correr da pena
E a vila morena
O meu povo é
O que um povo é
Quando se tem refém
Da terra e da fé
É Fado nas cordas
É Douro nas bordas
Tanta gente linda
De tom lançado
E amores de verdade
E quando ao dia brinda
Larga à aventura e saudade
Ai, saudade
E vive na cumplicidade
Do povo é a missão
Que do chão se alevante
Em coro a voz do cante
Poema, canção
Canta tu comigo
Canta, meu amigo.