Aquilo cativa
Que me tem cativo,
Já não quer que viva,
Em nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que para meus olhos
Fosse mais formosa.
Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas.
Me parecem belas
Como os meus amores:
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar;
Uma graça viva,
Que neles lhe mora,
Para ser senhora
De quem é cativa;
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Pretidão de amor!
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha,
Bem parece estranha,
Mas bárbara, não.
Presença serena
Que a tormenta:
Nela enfim descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E pois nela vivo,
É força que viva