Vinde à visita guiada
à esburacada
encruzilhada do amor
Cada qual sabe de cor
(Ninguem tem nada com isso!)
em que ponto de que dor
se arrisca a cauda na estrada
(É connosco o compromisso)
Já se avista
o amor, mas se o ciúme
em contra-mão se desloca
choque em cadeia provoca
Pega fogo num instante
mas adiante
apaga o lume
que é vital dentro da toca
E depois ninguém assume
estar por conta do ciúme
no lusco-fusco desta toca
Vinde à visita guiada
à esburacada
encruzilhada do amor
Agora vem
o amor, mesmo inocente
tem a inocência vigiada
faca na liga de decência
São desvios
se se está na rua errada
à hora errada
sexo errado, idade errada
são desvios da aparência
Mas já se sabe:
os suores quentes
causam em bastantes gentes
suores frios
arrepios
são feitios
são bafios!
Vinde à visita guiada
à esburacada
encruzilhada do amor
Cada qual sabe de cor
(Ninguém tem nada com isso!)
em que ponto de que dor
se arrisca a cauda na estrada
(É connosco o compromisso)
Ora aí vem
o amor
e as suas atrocidades
o amor
e as suas felicidades
o amor
e as suas sacaneidades
e utros ades
e virtudes
"hádes ver!
nunca mudes
não me dês agora um beijo
e capo rente o teu desejo"
Eis que chega
o amor, tem casca grossa
quando à tarde nos fascina
o amor tem casca fina
quando à noite nos destroça
e de manhã repõe promessa
assim que roça, assim que empina
junta corpos peça a peça
Vinde à visita guiada
à esburacada
encruzilhada do amor
Olha ao longe
o amor
avança e trava incontrolável
o amor
consequência do improvável
o amor:
ainda é possível avistar
num tronco, dois corações
sangues verdes, inscrições
em sequoia venerável?
Vinde à visita guiada
à esburacada
encruzilhada do amor
Cada qual sabe de cor
(Ninguém tem nada com isso!)
em que ponto de que dor
se arrisca a cauda na estrada
Cada qual sabe de cor
(Ninguém tem nada com isso!)
em que ponto de que dor
é connosco o compromisso
(Ninguém tem nada com isso!)