Quando era puto a morte era incerta
Só um futuro, só uma porta aberta
Até perceber que ela não é um boneco
Tinha acabado de morrer um dos que tava mais perto
A solidão enche-te o corpo como o cimento
Não te sentes morto mais de corpo presente
Parado à tanto tempo que o presente que sentes
Para quase toda gente já é o passado
Agarrado à frustração, dizia: o mundo não me entende
Acabado de chegar à sensação adolescente
Encontrei-o frente a frente
Isso vai durar para sempre
A morte não é o fim da viagem
A vida é apenas uma passagem para lá
Lá do outro lado onde os que já foram
Estão a olhar por nós
Sou espiritual, mas não ritualizo
Não rivalizo dou-te aval para pisares onde eu piso
Aceito o convite para experimentar o teu chão
Quer seja ele escorregadio ou movediço
Rendição absoluta só no dia do juízo final
Se não houver parte 2 com uma ressurreição
Depois de pensar nisso, no que é ser intemporal
A condição de imortal deve ser uma prisão
Como baloiçam verdades e mentiras
Nesta esfera capturadas por alguém, algures na estratosfera
A recepção é omitida aos habitantes da terra
A comichão do interior é o indício da nova era
Quanto tempo falta para que o mundo acabe
Ninguém sabe
Se rezas, reza para que se salve
A morte não é o fim da viagem
A vida é apenas uma passagem para lá
Lá do outro lado onde os que já foram
Estão a olhar por nós