O meu peito canta moda que meu coração mandar
Sou violeiro destemido, eu nasci para cantar -
O gemer desta viola faz quem tem paixão chorar
Do terreiro da palhoça já fiz versos pro luar.
Minha voz nasce no peito, se perdia lá no espaço
Sabiá canta no galho, o canário no terraço -
Minha viola fandangueira toda enfeitada de laço
Quando ela tá magoada vem se queixar no meu braço.
Na hora que for preciso já mostrei minha coragem
Na festa que foi campeão, pois nunca contei vantagem -
Para todos os violeiros sempre tive uma mensagem
Já fiz versos pras morenas, pros velhos fiz homenagem.
Fiquei velho aqui na roça, passei a vida carpindo
Canto moda recordando do meu tempo de menino -
No batente da palhoça contemplo o mundo sorrindo
Minha viola, meu passado, meu sertão vou despedindo.