Tudo que encaixoto
Meio que achato,
E acho que me encaixo aqui.
Levo-me embora até a mim
Na dúvida se guardo ou se descarto
Na marca de poeira do objeto.
De saudade que nasce e transborda
E mora nas memórias do afeto.
Já não sinto-me perdido
Em meio à multidão.
Acredito que resisto
Em meio à confusão.
Sempre creio que me falta alguma coisa.
Coleciono o infinito do momento.
Se nos braços eu não levo minha casa,
Que em asas ela venha em pensamento.
Que em asas me eleve o pensamento.
Tudo que encaixoto
Meio que achato,
E acho que me encaixo aqui.
Levo-me embora até a mim.
Tudo que acho chato
Meio que despacho.
Se o diálogo não puder existir,
Levo-me embora pra longe.
A dívida que contraio com o que guardo
Na marca de poeira do objeto.
O espaço que transforma os momentos
É fronteira entre o que foi e não é mais.
A mudança é um quebra-cabeça
Em que a gente tropeça.
Como dança das cadeiras,
Muda. Até virar flor.
O que nos resta é cheiro de vida nova
Que estoura feito plástico-bolha.
A gente desata e desembrulha.
Corpo presente, feito de laços e cartas,
Embalados nos papéis da vida.
A mudança é um quebra-cabeça
Em que a gente tropeça
Como dança das cadeiras,
Mudo. Até calar dor.