Há demasia de sal
No cesto da lavandaria
Temos de apagar o final
Da noite que acordou de dia
Há traços no lençol
De um vestido dele teres feito
Trago estampadas as pegadas
De alpinista pelo meu peito
Que cumplicidades temos
Que retalhos agrestes são
Dói mais o que não vivemos
Do que os males de coração
Tenho já gastas as rédeas
Do meu cavalo envelhecido
Que deixou de galopar
De rasgar o desconhecido
Pisava um castanho estaladiço
Das folhas que o verão cansou
Deixei que o frio desse sumiço
Às que o outono espalhou
Que cumplicidades temos
Que retalhos agrestes são
Dói mais o que não vivemos
Do que os males de coração
O que não tenho vivido
Trago o verbo adormecido